O PATRÃO CONTRATA DOIS, QUANDO ME CONTRATA (Por: Mairom Duarte)
Quando o empresário contrata um empregado, ele está contratando dois. Será que isso é mesmo verdade? Vamos tratar isso por partes, para que possamos entender melhor essa caixa preta e tentar entender quem paga o quê, o quanto vai para onde e para quem.
Primeiramente vamos analisar a parte que se vê mensalmente no contracheque do trabalhador e que mostra que parte do salário é descontado. Nesse caso é o INSS e o Imposto de Renda. Só aqui, para começar, é descontado do salário entre 8 e 15%.
E pelo lado do empresário? É importante ressaltar que esses recolhimentos a seguir não são descontados do empregado. Saem todos do bolso do patrão e são calculados sobre o salário bruto pago.
De cara já devem ser recolhidos os 8% do FGTS, 20% de Contribuição à Previdência Social (INSS), 2,5% de Salário Educação, 3,1% para os “5 S’s (SENAC/SESC/SENAI/SESI/SEBRAE), 0,2% de INCRA e entre 1 e 3% de Risco de Acidentes de Trabalho (RAT). Até aqui são 35,80%. Importante ressaltar: mesmo que sua empresa não seja do ramo industrial ou comercial, vai pagara SENAC/SESC/SEBRAE/INCRA.
Somam-se a isso as provisões que o empregador deve fazer mensalmente para saldar salários adicionais dos empregados: Repouso Semanal Remunerado, Férias, Feriados, Aviso Prévio, Auxílio Doença, 13º Salário e Licença Paternidade. Isso tudo soma 58,98%.
E quanto às demissões? 6,35% do custo deve ser provisionado: 40% do FGTS recolhido para o trabalhador e 10% para o governo.
Mas ainda tem uma pegadinha que muitos empresários desconsideram em seus cálculos: os 35,8% de encargos para o governo ainda recaem sobre os 58,98%. Ou seja, o empregador ainda tem mais 21,11% a recolher.
Com tudo isso chegamos a 122,24% que o empregador paga a mais além do salário bruto, onde 65,18% vai para o governo, incluindo nesse percentual o valor que o empregado retira do seu salário para o governo.
O empresário paga mais de dois empregados e o governo faz parte deste empregado a mais. E esse segundo empregado, chamado “Governo”, apesar de ser remunerado, tem baixa produtividade. Imagine isso: você trabalha em uma loja comercial e o patrão recolhe para SESI/SENAI/SEBRAE/INCRA. Pergunto: você pode utilizar as três primeiras entidades? Você faz parte da Reforma Agrária? O seu empregador se utiliza dessas entidades? Desses 65,18% que vão para o Governo: o quanto disso nos retorna de forma clara e visível?
Infelizmente, o fato: o Governo com sua ânsia de fazer rodar sua máquina enferrujada, acaba por fazer com que nós, empregados e empregadores, sejamos uma porca cada vez mais enferrujada nessa engrenagem. O Governo não se preocupa em investir em “lubrificação”, apesar de receber verba para esse fim. E, nos primeiros sinais de crise, essas “porcas enferrujadas” serão descartadas.
Fonte: Mairom Duarte - Consultor em Gestão de Negócios para o Jornal Tribuna de Petrópolis
0 comentários:
Postar um comentário